segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cerveja e disco 82 - Dois clássicos mundiais


Ronnie Von – Máquina Voadora. Disco de 1970, é um marco na música psicodélica brasileira. Com elementos que mostram influência de Beatles – especialmente a parte mais psicodélica do quarteto – e com referências aos livros escritos por Antoine de Saint-Exupéry, em particular o Pequeno Príncipe (claro).

Com uma capa espetacular, o disco abre com a música que o nomeia.  Com um cravo matador e impactante instrumental, Ronnie mostra uma bela potência de voz. Uma música um tanto curta mas incrível. Vale destacar, além do cravo, a bateria bem quebrada.  A abertura não poderia ser melhor. O disco segue com “Baby de Tal”, música de Arnaldo Saccomani (o mesmo que foi jurado do ídolos e grande produtor musical brasileiro).  Esse som é bem a cara de Ronnie Von, tanto é que nas rádios foi essa a música de trabalho na época, com um lado mais romântico, mas sem esquecer a parte mais psicodélica.

A terceira faixa é uma das melhores composições de Ronnie Von. “O Verão nos Chama”. Vale destacar a letra do refrão “No paraíso os anjos dançam, e andam de motocicleta”.  A música tem uma linha de sopro muito na linha que o Tim maia fazia (o que me faz pensar que pode ser influência de Saccomani, que também produziu discos de Von e Tim).

“Seu olhar no Meu” é a referência ainda da época que ele disputava a audiência com a Jovem Guarda. O lado mais romântico que foi bem  característico em sua carreira. Em “Imagem”, a voz e o cravo sintetizado mesclam o destaque da música. Incrível o casamento de sua voz mais grave com o agudo do sintetizador.

“Continentes e Civilizações” é uma música extrema. Por quê? Pela letra reflexiva, pela melodia melancólica, pela declamação de início, por toda sua obra. Uma música simplesmente genial, mesmo que seja mais declamação do que cantoria. Fiquei procurando algum trecho para destacar, mas é impossível isso, essa música é como o Dark Side of the Moon do Pink Floyd, tem que ouvir por completo para entender.

“Viva o Chopp Escuro” é um hino do rock psicodélico, da boemia, com um refrão fantástico: “Viva o sol e o mar, eu digo ,  Viva o azul e o verde, eu penso , Viva o chopp escuro no calor!” Uma  observação para esse refrão é que no Brasil até hoje pessoas acreditam que a cerveja escura(ou o chopp no caso) é apenas para o frio. A cultura de tomar a cerveja estupidamente gelada fez criar essa cultura totalmente errada.

“Enseada” é uma canção bem maluca, apesar de ser mais lenta e sem o instrumental experimental como em outras músicas, mas com um contratempo bem bacana e uma letra meio maluca – um jipe branco voando a beira mar não me parece algo tão longe do LSD.

Em “Tema de Alessandra”, a guitarra de início é uma eletricidade linda, mas na quebra da entrada da voz parece mais aqueles velhos boleros dos anos 20 – claro, muito mais rápido. No refrão, a música volta a crescer com fidelidade aos anos 70. O disco ainda segue com “Águas de Sempre” , que remete muito mais a característica de suas músicas, algo mais romântico e suingado, assim como “Cidade”, que começa com ótimos sopros e um teclado meio frito ao fundo.  Bem interessante o tema da letra, que é um tanto atual, e com uma quebrada para o refrão  - e depois para voltar – que deixa com vontade de quero mais.

Para fechar o disco, “Você De Azul”, uma música bem quebrada com o cravo e sopros que marcaram o disco. Parece que Ronnie fechou o disco com tudo que foi usado para compor esta magnifica obra. O legal é que ele remete novamente ao nome Alessandra nessa música. Seria um amor platônico?

Vale a pena ver esse vídeo só para ficar na vontade - https://www.youtube.com/watch?v=0YBAZHVuzuQ


Para acompanhar esse disco escolhi uma cerveja escura – de propósito – e claro (an?) uma das mais clássicas do mundo. Abra uma Guinness, especialmente se estiver calor para acompanhar o disco. Não vou detalhar a cerveja por aqui, afinal se precisa ter informações sobre a Guinness você ainda não está tomando cerveja na vida.

Bons acordes

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