domingo, 30 de novembro de 2014

Disco 86 e cerveja 86

MOTO PERPÉTUO - MOTO PERPÉTUO - Em música, a expressão italiana moto perpetuo - também Perpetuum mobile (em latim) ou mouvement perpétuel (em francês) - significa literalmente "movimento perpétuo". Esse nome foi escolhido para a primeira banda de Guilherme Arantes. Um disco histórico para o rock progressivo brasileiro, que neste ano comemorou 40 anos de seu lançamento. O disco foi feito por :
Guilherme Arantes (teclados e vocal)
Egydio Conde (guitarra solo e vocais)
Diógenes Burani (percussão e vocais)
Gerson Tatini (contra-baixo e vocais)
Cláudio Lucci (violões, violoncelo, guitarra e vocal)

Esse disco tem um jogo de palavras bem interessantes nas letras, algo que o Guilherme Arantes continuou fazendo ao longo de sua carreira. Mas vamos ao disco, pois a carreira de Guilherme Arantes já é bem conhecida por (quase) todos.

O disco abre com "Mal o sol", uma música que vai crescendo ao longo dos seus 2:48. Mesmo curta, começa bem silenciosa e vai se completando conforma vai entrando a voz. O refrão já conta com um jogo de palavras interessante aos ouvidos, "mal o sol amarelecera no céu". o Disco segue com "Conto Contigo", que é mais rápida e tem uma bateria quebrada bem legal. Destaque para os vocais logo após o refrão.

A terceira faixa do LP é a melhor do disco. Posso até exagerar mas pra mim é uma das melhores canções que o Guilherme Arantes pode fazer. A música tem uma bateria matadora, quebrada e com umas viradas fantásticas. O coro de fundo - especialmente no final- é espetacular e como sempre, o jogo de palavras rodando em suas canções- "nada que não faço mal e mal me faça passar, qual a nova sede, que é de tanta sede que não sente não é nova, novamente". Música maravilhosa - que em breve postarei o vídeo tocando ela, se a GVT permitir-.

O disco segue com "Matinal", com um belo refrão novamente "...tome um banho sobre o sono matinal, mate os males mas não se importe com desenganos". Essa é uma música mais lenta, que lembra coisas mais "modernas" do Arantes, como "amanhã". A música seguinte é a primeira que não é composição do Guilherme Arantes, "Três e Eu', composição de Claudio Lucci.

"Não Reclamo da Chuva" tem um baixo incrível. Poucos músicos no Brasil até hoje conseguem dosar um destaque no baixo sem cobrir toda a música como foi feito nesse som. Como sempre neste disco, a letra é forte. Posso estar viajando, errado, mas achei essa letra uma forma crítica ao consumismo que vivemos hoje, mesmo sendo escrita há 40 anos. Quem disse que evoluímos tanto assim? "Nunca fui convidado até charutos e licores já nem sei o que são valores. Quando se abandona o mundo  fica mais bonito, é bem melhor, uma roupa esfarrapada que o medo de sujar"

A sétima música, "Duas", é um resgato de memória. "Velhos tempos sem dor, só trechos de imaginação, Nascente loucura mas tudo melhor, ao menos era coisa pura". Quem nunca viveu romances puros quando mais novos, ou que achava que a vida poderia acabar ali, naquele momento que tudo ficaria bem? ela me lembrou muito uma música do próprio Guilherme Arantes, "O melhor Vai Começar"lançada em 1982.

"Sobe" é uma música que baixa um pouco o ritmo do disco, mais lenta e com destaque aos vocais e quebrada da cozinha bateria/baixo. "Cante, mas não desgraça, não se desfaça de nada
mexa-se, mais vontade sem mais razão...". Belo final de música.

"Seguir Viagem" é mais uma composição de Lucci, com um violão dedilhado lindo, um baixo que faz a entrada do coro marcante. Essa música me lembrou a "Clube da Esquina", lançada em 1972 por Milton Nascimento.

"Os Jardins" é um progressivo pesado, na linha de Yes, batera comandando a entrada e quebrando o tempo antes de entrar a voz. Umas paradas que fazem lembrar que música não é apenas som, mas também é silêncio. "Me respondaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa"...

"Turba" é a música mais longa do disco, com quase seis minuto. Viagem total, que me lembrou uns pianos que o Renaissance fazia. A voz entra após dois minutos e vem com bastante calma para depois se destacar.

E a cerveja?

Um disco como esse precisa de uma cerveja não só especial, mas uma cerveja de extrema qualidade e tradição, afinal Guilherme Arantes é um compositor que todo mundo no Brasil já cantou, seja em sua voz ou em voz de outro artista (como Balão Mágico, Roupa Nova).

Escolhi a Lobkowicz por ter tradição na região da Rep. Tcheca.

A primeira cerveja fabricada em Vysoky Chlumec foi em 1466. Desde 1474, a cervejaria se tornou propriedade da família Lobkowicz, família Nobre, tradicional Tcheca. Uma das mais antigas Cervejarias da República Tcheca.

O mestre cervejeiro da  Lobkowicz começa com a água pura a partir de poços artesianos da cervejaria e cevada da bohemia, que é transformada em malte, em sua própria casa malte. Ele fabrica as cervejas em cubas tradicionais de cobre, a adição do lúpulo Saaz aromáticos é feita com as mãos. A Fermentação aberta aprimora o caráter único das cervejas, e o saldo final é arredondado por meses de maturação.

Respeitando a personalidade da marca, receitas tradicionais, os procedimentos e o uso de matérias-primas de qualidade superior. Por isso uma real PREMIUM LAGER Esta é a maneira genuína para produzir as melhores Cervejas cerveja.

O resultado é uma cerveja de primeira classe, excelente na sua harmonia de delicado amargor, sabor e riqueza de colarinho.

Dê o play, coloque o vinil pra rodar e deguste essa maravilha. Vai ver que a combinação é perfeita.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Disco 87 Cerveja 87


JOELHO DE PORCO - SAQUEANDO A CIDADE - O Joelho de Porco surgiu em São Paulo em 1972, liderado por Tico Terpins (ex-guitarrista dos Baobás) e Próspero Albanese. Sempre irreverente e caçoador, em termos de atitude o grupo é considerado por alguns uma manifestação precoce do punk no Brasil, detentor de um autêntico "espírito de porco". Graças a isso, carregou durante muito tempo a fama de "banda de segunda". Não porque eram ruins, pelo contrário. Foram vítimas do preconceito ouvintes desatenciosos e incapazes de perceber que as músicas não são bregas, mas sim puro deboche!

Por outro lado, o tom humorístico da banda conquistou (e continua conquistando) uma legião de fãs fiéis ao longo dos anos, que disputam seus vinis e CDs. Além, é claro, de preparar o cenário para uma série de grupos que surgiriam nos anos 80 seguindo uma linha similar, tal qual o Língua de Trapo.

O disco abre com "Repórter Esso", música que só irá soar familiar par quem tem mais de 35 anos pois era o tema de abertura do programa homônimo (mais informações - http://migre.me/mMXlM ). A música é apenas a intro da abertura em guitarra, um timbre bem bacana. "Vai Fundo" é uma música perfeita para iniciar as partes cantadas do disco. Começa com um casamento lindo da cozinha entre baixo e bateria, com uma guitarra limpa que chega a brilhar o timbre.

o disco segue com "Apache" que é mais a introdução da música seguinte. Destaque ao timbre também que nesse disco parece ter sido escolhido depois de muito. "Funiculi Funiculá" é uma versão da tarantela italiana, mas uma versão bem metal. "Noites em Moscou" é a tradicional música russa com uma acelerada no final e gritos bem engraçados. Mas "Homem do Imposto de Renda" é um reggae satírico sobre a burocracia que tínhamos (tínhamos ? ) no Brasil.

"Diana" na sequencia para dar um up no disco para chegar ao maior clássico da banda, "Maldito fiapo de Manga", versão diferente da original do disco "São Paulo 1554  / Hoje" lançado em 1974. "Bom Dia São Paulo" é uma música de amor para a cidade que cresceu desordenadamente. "Bonanza" é uma tiração de sarro de temas de séries de TVs antigas. Mas é em "Pé na Senzala" que tenho que destacar o instrumental da banda. O baixo é simplesmente incrível deste black soul.

"Vigilante Rodoviário" é mais uma sátira de aberturas da televisão, é um clássico do programa da Tv Nacional. "Bom Dia São Paulo nº2" é uma versão mais Soul gospel desta canção. "Rock do Relógio" tem a melhor letra que Zé Rodrix canta neste disco. Essa música é simplesmente uma poesia maravilhosa da reflexão de gerações. Linda música.

"Sons de Carrilhões" é uma passagem bem humorada de um certo alguém tirando um som na guitarra e errando. Após, repete-se a "Funiculi Funiculá" porém em modo playback. "Ue O Muite Arukou" (canção de um seriado japonês...) vem introduzida por uma narração sobre o descobrimento da América e o impressionante espetáculo do moderno capitalismo.

Em "Telmo Martírio" a banda faz uma crítica pesada ao crítico de música Telmo Martírio. "Conjunto de Beira de Piscina de Filme Italiano" é mais uma passagem de Tv, desta vez de um comercial, assim como a sequente "Afrikaan Beat" que é uma tiração de sarro mais resumida.

"Dia de Ação de Graças" é a história de Joaquim Ferreira Prado um católico que se apaixona pela judia Sarita, filha de Isaac Isaias (Isaac Isaias foi um produtor da Polygram). Os familiares cercam Joaquim e fazem a circuncisão nele. Bem engraçada. Mas por falar em música engraçada, "Um Trem Passou Por Aqui" é onde eles pegam pesado no humor. A música é a história de como o Roberto Carlos perdeu sua perna e usa uma perna mecânica hoje (que na música é apelidada de Margarida). Pelo visto deus perdoa, mas o Joelho de Porco não.

"Hora de Dormir" é mais uma vinheta televisiva. Pesquisando sobre a banda, vi que Tico Terpins fazia diversos jingles para televisão. Está ai o motivo de tantas músicas referentes à televisão. O disco fecha com " A voz do Brasil", música vencedora como "Melhor Letra" no Festival dos Festivais da Tv Globo.

Enfim, são 24 músicas que cada vez que ouve quer ouvir mais. Sempre achei Zé Godrix genial, ele já esteve aqui neste blog no disco e cerveja 96. Mas a junção dele com o joelho de Porco ficou simplesmente fantástica. uma pena que o Brasil não tem mais espaço na mídia para artistas com esse nível de talento. Em janeiro deste ano, curtindo um som na casa da minha irmã, falamos sobre a banda e como ouvimos para matar a saudade de São Paulo.


Para acompanhar, nada melhor que lembrar de São Paulo, não é? Então aqui vai a cerveja "Paulistânia", da cidade de Cândido Mota. A de Malte é uma cerveja refrescante, aromática e encorpada, com um gosto ótimo de malte e amargor muito harmônico. Com apenas 4,8% de teor, ela desce muito bem.  Acompanha desde pratos leves como grelhados, sushis e saladas, e também frituras como batata frita e jiló frito.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Disco 88 cerveja 88


ULTRAJE A RIGOR - NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA - Roger se tornou patético. Hoje ele é conhecido pelo que fala e não pela música que faz. Isso mostra que um artista quando não sabe envelhecer acaba fazendo de tudo para atrair a atenção, até ser ignorante... Mas é hora de falar em passado.

Esse disco foi um marco para o rock com humor no Brasil. Claro que já tínhamos outros grupos e artistas que faziam do humor sua arma para fazer música, como o Juca Chaves e o Língua di Trapo (vencedor do último festival de música da Tv record, em 83), mas o ultraje veio para suprir isso no rock, que precisava de algo mais destacado. Os anos 80 estavam perfeitos para o rock nacional, com a mídia apoiando e dando destaque em qualquer lugar. Até em programas infantis tinham bandas como Ratos de Porão.

Ultraje veio com ironia. No som que abre o disco, o mesmo que dá o nome , já mostra como iria ser, tirando um sarro dos incomodados nas praias de São Paulo dos farofeiros da capital. Ironia na medida certa. Acredito que "Rebelde sem Causa" seja uma auto biografia 'não autorizada' do Roger. Uma música que mostra como é o playboy brasileiro, hoje chamado de moleque de prédio. Desta forma, tem de tudo mas reclama da vida.

"Mim Quer Tocar" mostra um pouco do preconceito também, especialmente na parte "Mim é brasileiro, mim gosta banana". Humor com dose de politicamente incorreto, no que hoje transformou Roger em professor. "Zoraide"vem para mostrar o amor livre, que a monogamia era chata e entediante. Uma ótima música.

"Marylou" é um dos maiores clássicos da banda. tem uma história curiosa que, quando eu estava na segunda série, no Gepal (saudades do colégio), havia uma professora da terceira série que se chamava Marilú. Com a mesma fonética, virou piada na escola. E ela adorava.

"Jessy Go" é a música que roger fez para o Lobão. Não que seja algo oficial, mas a primeira estrofe é prova digna disso.

"Não passava de um imbecil
Até que um produtor o descobriu".

Melhor definição, impossível.

'Eu me Amo" é a mais pop do disco. Seguida por 'Se você Sabia", esta talvez seja a única do disco que não se tornou um clássico da banda em shows.

Para fechar o disco, "Independente Futebol Clube" é chave de outro. música com uma letra ótima, um instrumental bacana e bem animada. Coros e backing vocals na medida exata fazem do disco um clássico no Brasil. Pena que a banda nunca mais conseguiu fazer nada que preste depois disso. Mas que marcou história, isso pode ter certeza.

Para acompanhar esse disco, indico a clássica Brahma, afinal você não vai querer estragar uma cerveja especial com um disco do Roger Moreira,vai?