terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um conto por um conto

Uma vez, um certo cantador me parou
- Quer ouvir um canto?
Logo, respondi
- Não, quero ouvir um conto.
E o cantador não desistiu
- Posso fazer agora, um canto.
Mas não falhei
- Um conto por um conto
Ele me olhou. Tirou do bolso um conto e me disse:
- Esse conto não me fará falta, mas ainda assim, ouça um canto.
Eu relutei
- Não quero um conto, mas queria ouvir um conto.
Ele me olhou. Deu uma risada e me falou.
- Sou o melhor cantador que você pode ver na vida. Não cobro nem um conto para mostrar meu canto.
Eu ainda respondi
- Eu queria ouvir um conto em um canto, pode ser da sala mesmo.
Ele tropeçou em uma pedra ao dar um passo para o lado.
- Dei um passo na frente do paço, tentando mostrar um canto para quem quer um conto. Esse fato pode-se fazer um canto.
Eu respondi sem perder o brilho
- Eu ainda acredito que um passo em um paço, de um conto por um conto dá um conto, sem nenhum desconto.
O cantador pegou o violão e dedilhou seus primeiros acordes.
Eu pedi para ele parar.
- Por favor, cantador. Se for para cantar, prefiro que seja para contar.
Ele parou. Nunca ninguém havia pedido para ele parar de tocar.
- Faço do canto um conto, mas aceitarei seu um conto para assim lhe fazer um conto, do que era para ser um canto.
Dei um conto para ele.
- Esse é o conto do cantador que não queria contar. Ele sabia cantar, mas nada de contar. Certo dia, um amante de contos ofereceu-lhe um conto para ele fazer um conto. Depois de relutar, ele aceitou e começou a contar. Contou da vida, dos pássaros e o que faria com um conto em troca de um conto.
- Vou fazer o mais belo canto!

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