sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Covarde demais

A depressão tem tomado conta de mim. Acordo e já fumo um baseado, para ver se isso me acalma ou me faz ter alguma previsão da vida.

Vinho? Duas garrafas é o básico em meu dia a dia. Hoje, consigo tomar uma garrafa de uísque sem problema algum. E eu nunca fui de tomar uísque.

Fumo uma média de três maços de cigarro por dia.E tem dias que eu fico sem.

Tudo isso por causa daquela maldita noite. Noite que, até hoje, não me deixa dormir. Maldita noite....noite

Estava em viagem de trabalho. Parei em uma cidade, que não me recordo o nome no momento, para comer alguma coisa. Eu a vi no canto, parada, chorando. No início nem liguei, mas depois eu fiquei um tanto curiosos. O que fez aquelas lágrimas escorrerem de um rosto t~ao belo?

Fui ao seu encontro. Pedi uma bebida a mais, ela aceitou. Chorava por conta de uma decepção amorosa. Normal, mas não era qualquer decepção. Seu amor matou-se em sua frente, com um tiro na boca. Uma imagem que deve ficar na memória por toda a eternidade.

Na conversa, a convidei para ir no hotel comigo. Ela aceitou. Mesmo eu sendo casado, precisava um pouco satisfazer meus desejos físicos, e vi ali uma boa oportunidade. Afinal, uma menina bonita, triste, extremamente vulnerável.

Fechei a porta, servi mais uma dose a ela. Ela bebeu como se fosse água. Parecia estar com sede, ou então queria tomar um porre para tentar amortecer a dor. Nunca vi alguém tomar rapidamente assim.

Começamos a bater um papo. No quente da conversa, eu mal percebi e ela já estava fazendo oral em mim. Relaxei. Comecei a relaxar mais ainda, quase atingindo o clímax, quando ela me deu uma mordida, e anunciou o assalto. Com uma pistola, não saberia dizer qual pois não conheço armas, me mandou ficar de joelhos. Usou o telefone para chamar alguém. Um homem entrou e começaram a discutir.

Meu celular tocou. Era minha mulher, certamente querendo saber como eu estava,já que a estrada estava em minha vida fazia umas semanas por conta desse novo trabalho. Ela nunca se acostumou do fato de eu viajar tanto.

Nao pude atender. Nao pude me mover. A arma era sempre apontada em direção a minha cabeça. Aflição. O medo tomava conta de meu corpo. Tremia demais, mas não vi saída Corri, mais do que minhas pernas poderiam aguentar. Ouvi estalos de tiros. Uma marca de bala na parede perto de minha cabeça.

Corri,desci as escadas tentando me esconder,mas não era possível mesmo. Ouvi gritos de outros hóspedes. Corri mais ainda, entrei no meu carro e tentei ligá-lo, mas sem chave era realmente impossível. Abaixei a cabeça e rezei.

Nao vieram pra me pegar. Quando a polícia chegou, já estava longe. Tremendo na estrada. Resolvi parar e cheirar uma carreira, que estava guardando para uma outra ocasião. Parei para ligar para minha mulher. Só tocava. 'Ao menos eu chego em casa daqui umas três horas', pensei comigo mesmo,mal sabendo do que estava acontecendo.

Chegando em casa, encontrei uns sacos de lixo na porta, com um tom avermelhado. Tentei entrar mas a porta estava com uma fechadura diferente.

Olhei para o lixo. Relutei para olhar, mas nao tive como nao abrir. Ao abrir, vi aqueles olhos verdes, aquela pele rosada que sempre me fazia bem. A cabeça de minha mulher, solta, em um saco de lixo. Vomitei tudo. E vomitei até o nada que tinha na barriga.

Minha única saída foi correr. Sem destino, correr e correr...

hoje, apenas fico vagando, em meus pensamentos, sabendo que se não fosse um adultério que cometi, tudo isso poderia ter sido evitado. Mas sou covarde ao ponto de tirar minha própria vida...

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