quinta-feira, 26 de abril de 2012

Perfume


A tarde já não fazia mais tanto sol. O dia estava quente, mas o sol já estava se escondendo por entre vales e montanhas da serra paulista.

Dentro daquele salão, com computadores e crianças, a vejo. Cabelos claros, como fios do mais puro ouro.

Amais pureza das purezas que já vi em minha vida.

Os olhos verdes reluziam naquele final de tarde. Um leve caminhar pela cachoeira me fez imaginar que o mundo poderia acabar ali, que eu estaria feliz demais para lamentar algo.

Aquela língua presa, um sotaque e os óculos me fizeram ter a certeza que nunca mais sairia de minha mente.

Uma rápida visita até um alambique. E veio um trecho de um diálogo que nunca esqueci. “Óculos, sotaque de caipira e língua presa”. Logo pude responder. “Se melhorar estraga”.

Ao adentrar no carro, aquele perfume tomava conta do ambiente. “Nossa, que perfume maravilhoso”. Não sei porque fiz esse comentário. Acho que pensei alto demais, mas tive tempo de arrumar. “Que perfume?” “Esse, de natureza”. Porque falei isso não sei. Talvez pela minha timidez, talvez pelo fato de ter medo de sofrer uma represália. Só sei que esse mesmo perfume nunca mais foi esquecido.

Fomos para um sítio onde fabricavam mel. Lá, o mel se tornará amargo perto da doce voz dela. A magia de seu olhar, a maciez de sua pele me contagiava cada vez mais. Curtia cada segundo ali perto, pois sabia que meu contato não iria além disso.

Ao ir embora, eis que pergunto. “Que perfume você usa?” Ela riu e falou o nome do tal. Assim que entrou no ônibus, sabia que seria meu último contato.

Tentar um beijo? Jamais, isso não teria boas consequências. Tentar um contato futuro? Boa ideia. Trocamos telefones. Nunca liguei, mas sei que também marquei sua vida.

Mas que esse perfume ainda me desnorteia...Ah, uma Branca sensação de cabeça perdida...

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