Ney Matogrosso e Pedro Luis e a Parede – Vagabundo - Esse disco, mesmo sendo algo mais novo – ele foi lançado em 2004 – merece estar entre os 100 de indicação. Explico. A junção de um dos melhores intérpretes do Brasil com um arranjador universal claro que sairia algo bom, mas esse disco foi realmente extraordinário para a MPB atual. Arranjos riquíssimos, regravações que fazem ter dúvida se a melhor foi a original mesmo... Esse disco simplesmente merece por ter inovado, algo que os artistas não conseguem hoje em dia.
O disco abre com “A Ordem é Samba” de Jackson do Pandeiro e Severino Ramos. Versão pesada de um samba com guitarra marcante. O disco abre com uma música perfeita para iniciar um show. Poucos conseguem isso.
“Seres Tupy”, composição de Pedro Luis,remete a capoeira e tem um refrão que, mesmo dizendo o óbvio, tem uma poesia maravilhosa. “De Porto Alegre ao Acre, a pobreza só muda o sotaque”. Alguém consegue discordar?
“Transpiração” e “Interesse” mostram a riqueza de ritmos que Pedro Luis consegue compor, com arranjos lindos, sendo que a primeira é uma regravação do Itamar Assunção - que estará na lista dos 100 em breve ;) -.
“Assim Assado” fica fiel a original. Nada mais justo de ser feito. Mas é em “Noite Severina” que provavelmente a dupla surpreende. Além da divisão de vozes ter um encaixe perfeito, o violão mais aveludado dá a calmaria necessária que o disco pede na hora. Ela, sem medo de errar, é a melhor do disco.
A faixa título é um samba dos mais agradáveis de escutar. E com uma letra que faz enrolar a língua que só mesmo Ney Matogrosso para conseguir cantar com clareza. Da mesma forma acontece em “Napoleão”...
O disco ainda tem a regravação de Martinho da Vila na “Disritmia” onde Ney e Pedro fazem um dueto sensacional. “Me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia”...
Em “Tempo Afora” eles mostram o peso que podem colocar dentro da MPB, assim como na “Jesus”. Peso e melodia misturados para voltar-se a música brasileira.
“Finalmente” de Itamar Assunção e “O Mundo” de André Abujamra fecham o disco de forma melancólica, mas sem ser melosa. A música de Abujamra é de uma poesia sensacional, e ficou infinitamente melhor que a original, gravado pela banda de Abujamra, Karnak, no disco de estreia com o mesmo nome da banda.
O disco ficou tão bom que acabou gerando um ao vivo com alguns bônus, como outros sons do Secos & Molhados e os mais batucantes do PLAP.
Esse disco é ótimo, acima da média do que hoje as pessoas fazem na MPB. Esta está engessada, com artistas limitados que se voltam apenas para a poesia da música, esquecendo muitas vezes da parte musical. O violão e voz de hoje não consegue evoluir. Historicamente, Ney Matogrosso é um artista que se reinventa. Nada de limitações, desde o rock até o mais puro samba. Obviamente ele estará ainda mais vezes nessa lista.

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